O melhor cheiro do mundo

Durante a minha gravidez, várias pessoas me perguntavam como seria aplicado a ecologia na maternidade.

Muito calmamente explicava que usaria fraldas laváveis e que iria fazer os produtos da Maísa.

Quando explicava isso, perguntavam-me, “Mas então a tua filha não vai ter aquele cheirinho de bebe? “

Não, respondia e ria!

Quando a Maísa nasceu, no quarto da maternidade encontrei uma embalagem da Uriage. Agradeci o carinho, pedi a minha mãe para o guardar dentro da minha mala e o primeiro banho foi-lhe dado com um gel de banho neutro que eu fiz com cheirinho a pêssego.

Arrependo-me.

Se pudesse voltar atrás, dava-lhe um banho de água e esponja. Só.

No máximo usava um gel neutro, sem cheiro.

Hoje, vamos a caminho dos todos-antes-de-um-ano e a minha filha continua sem cheirar a nada.

Cheirou em tempos, a lavanda.

Mas hoje, já nem a lavanda costuma cheirar.

Não cheira a nenhum gel de banho nem a óleo, nem a creme da Mustella, nem a shampoo Johnson.

A roupa dela não cheira nem a amaciador nem a sabão.

O cabelo dela não cheira a nada.

A minha filha tem um cheiro dela.

Sempre que enfio o meu nariz no cangote dela ou no cabelo, não sinto o cheiro de nada.

O cheiro de Mustella, de lavanda, do que for, é um cheiro que só traz conforto a nós adulto, que temos história, memórias olfativas, que temos necessidade de preencher o nosso cérebro com algo que nos é familiar.

Eu tinha muito esse hábito, quando a minha mãe viajava por muito tempo, de ir para o armário dela, abrir as portas, enfiar metade do corpo lá dentro e inspirar pro-fun-da-men-te.

O cheiro da minha mãe trazia-me conforto e bem-estar.

O meu cheiro traz conforto e segurança à minha filha.

Eu, não preciso, para meu bem pessoal de me confortar nem de me sentir em segurança com o cheiro a Mustella, a lavanda ou a qualquer outro produto da minha filha.

Na verdade, meu coração de mãe, fica muito mais tranquilo por saber que ela não cheira a nenhum produto que não lhe faça bem; e esse, é para mim, o melhor cheiro do mundo.